A Bienal de São Paulo, cuja 29ª edição ocorre de 25 de setembro a 12 de dezembro deste ano, cumpre um papel central no desenvolvimento da arte brasileira. Seu impacto, porém, transcende em muito o plano estritamente cultural. Atuando como instrumento de educação e inserção social, e servindo de alavanca para estimular a produção e o consumo de bens culturais, a Bienal é um importante catalisador da economia criativa e símbolo da modernidade não só de nossa cidade, mas do Brasil.
Criada em 1951, a Bienal de São Paulo, inspirada na Bienal de Veneza, foi a segunda megaexposição de arte contemporânea do mundo, a primeira do Hemisfério Sul. Atuando como elo entre o Brasil e o cenário internacional, a Bienal vem cumprindo, desde então, o papel de promover o intercâmbio cultural, estimular o circuito artístico local e divulgar a arte brasileira e o Brasil no exterior. O balanço de seus quase sessenta anos de atuação é amplamente positivo. Por aqui passaram, e continuam a passar, os principais artistas internacionais desde o pós-guerra.
A qualidade e a abrangência de nossa produção artística cresceram enormemente, e muitos de nossos artistas ganharam projeção internacional. Nossa Bienal conquistou prestígio além das fronteiras nacionais e é acompanhada com forte interesse pela comunidade artística ao redor do mundo. Em um país onde menos de 10% da população já visitou um museu alguma vez, a Bienal, com sua escala monumental privilegiada pelo pavilhão projetado por Oscar Niemeyer no coração do Parque do Ibirapuera, é um importante mecanismo de acesso à arte. A cada dois anos, centenas de milhares de visitantes travam contato com a produção artística contemporânea. Esse encontro, capaz de gerar sentimentos díspares que vão do absoluto prazer à completa indignação, invariavelmente leva os visitantes a refletir sobre a arte e seu papel na sociedade, expandindo seus horizontes.
Acreditando nesse poder da arte para educar, a Bienal de São Paulo tem uma atuação pioneira no campo educativo. Para esta edição, de 2010, foram celebradas parcerias com as Secretarias de Educação do Estado e do Munícipio de São Paulo, e de outras cidades vizinhas, e com inúmeras instituições privadas de ensino e ONGs para capacitar mais de 35 mil educadores, de forma que eles possam trabalhar o tema da Bienal em sala de aula e posteriormente levar seus alunos ao pavilhão. No total, esperam-se mais de 400 mil visitas guiadas, o que o torna um dos maiores e mais abrangentes programas educativos já realizados no campo das artes.
De difícil mensuração, o impacto econômico da Bienal é pouco discutido, mas não pode de modo algum ser subestimado. A produção artística é uma das atividades de maior valor agregado na economia. A obra de arte materializa o capital intelectual. Quanto maior valor adquirem as obras de arte de nossos artistas, maior a riqueza gerada para o país. E tal riqueza acaba sendo distribuída entre todos no mundo das artes – artistas, galerias, casas de leilão, instituições culturais, escolas etc. Além disso, o circuito das artes é um grande incentivo ao turismo.Embora o eixo da Bienal seja dado pela arte, não se pode, portanto, deixar de considerar seu impacto no campo da educação, da cidadania e da economia. O apoio incisivo que a Bienal vem recebendo do Ministério da Cultura, assim como da Prefeitura de São Paulo, das empresas patrocinadoras e da sociedade civil, resulta justamente do entendimento desse impacto ampliado. Uma Bienal forte e representativa interessa a toda a sociedade, na medida em que permite que nossa cidade se posicione como um dos grandes polos mundiais de arte contemporânea, gerando riqueza, progresso e benefícios materiais e simbólicos para todos.
Heitor Martins
Presidente da Fundação Bienal de São Paulo
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