O autor nos mostra que um determinado objeto não é mais arte que os outros, só por assim ter sido considerado através dos critérios de um crítico. Pois tal julgamento não atinge um nível elevado e suficiente para ser considerado como obra de arte. Um exemplo muito claro disso é quando Coli faz a associação entre um carpinteiro e um artista, mencionando que o carpinteiro pode apreciar ou até mesmo criticar a qualidade de um móvel, tendo como embasamento os seus conhecimentos. Sendo assim, sua chance de acertar sobre a qualidade do mobiliário é praticamente garantida. Porém, o mesmo não ocorre com o crítico de arte, pois tal questão carrega uma complexidade maior, pois não se dispõe do recurso da objetividade. A construção de um mobiliário é objetiva, a arte, não. O autor também afirma que é necessário ter-se conhecimento do estilo do autor para que se possa reconhecer com facilidade sua produção. Apesar de um autor possuir o seu próprio estilo, com o passar dos tempos ele pode sofrer sutis mudanças, transformando assim a sua estilística.
Falar de estilos quase chega a ser o mesmo de se falar em rótulos, pois há um valor excessivo atribuído a esta palavra que tem por objetivo confortar os admiradores da arte. Mas dado a complexidade artística ela pode não ser suficiente, pois tudo o que é rotulado se restringe, ou seja, em se tratando de arte isso pode reduzir a uma definição formal e lógica.
Jorge Coli também menciona a distinção entre o crítico e o historiador. O primeiro apenas analisa, deixando então sua função restrita e seletiva; enquanto o historiador procura evitar os julgamentos de autor, mesmo não conseguindo muitas vezes, deixar certos critérios seletivos de lado. O autor também nos apresenta diversas figuras como, por exemplo, A Sagrada Família de Michelangelo e a Sagrada Família de Pieter Paul Rubens, servindo como objeto de estudo para facilitar a explicação entre os vários planos utilizados por um outro autor. Dentre tantos esclarecimentos sobre o que é arte, também trata sobre o evolucionismo autônomo das formas, citando Focilon (1934) e seu livro, A Vida das Formas. Vimos que a vitalidade e conservação da arte ligam-se a fatores que ultrapassam, mesmo ela desempenhando um novo papel exterior e superficial. Mas ainda assim o exterior e superficial não se reduzem a tais fatos, uma vez que eles se dissimulam e caricaturam seu papel de instrumento de prazer cultural e de riqueza inesgotável.
Mais do que explicações, conceitos, exemplos e comparações, podem-se perceber que a maior comunicação do objeto artístico conosco se faz através da emoção, do espanto, da intuição, das associações, evocações e seduções. Ficou claro que uma obra pode ser descrita e desenvolvida a várias análises, assinalados com um ou outro problema e que podem ser propostas relações e comparações, mas isso tudo são modos se aproximação do objeto artístico e praticamente impossível esgotá-lo.
Em resumo pode-se dizer que o objeto artístico não pertence ao campo racional.
Por Rafael Vasconcelos
Fonte: http://abcdorafa.blogspot.com/2010/11/resenha-do-livro-o-que-e-arte-jorge.html